

Quatro dias desde o fim do relacionamento. E hoje, ironicamente, estaríamos completando quatro meses juntos. O que isso significa? Essencialmente, nada. Eu não estava plenamente feliz. Não era o que eu quero pra mim.
Então por que estou triste? Porque, em alguns momentos, penso que talvez não devesse ter acabado. Porque não consigo simplesmente deixar ir. Preciso aprender a viver o luto das coisas.
Quanto mais reflito, mais percebo que foi uma decisão certa e necessária. Eu não posso aceitar menos do que mereço. Pessoas incríveis precisam estar com quem as preencha por inteiro. E é isso que eu mereço.
Eu nem sentia ciúmes do Théo, mas agora fico com a cabeça cheia, imaginando se ele já conheceu outra pessoa, se está em uma situação melhor… enquanto eu mal consigo engatar uma conversa no Tinder. Por que eu não aprendo a ficar sozinho por um minuto? Qual é a minha dificuldade em não precisar de um cara pra me validar?
Vem a frustração, o ego ferido… Mas por que eu deveria odiar alguém que simplesmente não conseguiu suprir minhas expectativas? Por que culpar uma nacionalidade, um signo, uma desculpa qualquer pra me sentir menos frustrado com expectativas que eu mesmo criei? As pessoas não foram feitas pra atender nossas projeções — e seria extremamente egocêntrico da minha parte culpar o Théo por não fazer o que eu queria.
Sim, ontem eu mandei uma mensagem pra ele, dizendo que ele pode contar comigo como amigo. Eu não o odeio. Não tenho raiva. Me decepcionei com o jeito dele, e foi isso que levou ao nosso término. E tudo bem. Ou talvez ainda não esteja, mas eu sei que vai ficar.
Agora, eu preciso organizar meu quarto, a minha bagunça... e aliviar um pouco da confusão que anda dentro da minha cabeça.

E, mais uma vez, repetindo o ciclo dos últimos anos, chega ao fim mais um dos meus relacionamentos — sempre no período de março/abril.
A conversa com o Théo não poderia ter sido mais fácil. Deixei que ele falasse primeiro, e, no fim, ele basicamente disse tudo o que eu precisava dizer. Reconheceu que a forma como ele agia não era a melhor para mim, mas também admitiu que não conseguiria mudar. E, além disso, disse que, para ele, o sentimento inicial havia evoluído mais para um lado de amizade. Acho que essa foi a mais pura verdade. Honesto, direto e sincero.
Ele também repetiu o que o Dmitri disse no ano passado: que eu sou uma pessoa especial, que ele se sentia bem ao meu lado, que fui incrível na história dele... São palavras que ainda tenho dificuldade de associar a mim, mas, ao mesmo tempo, o término foi amistoso. Então, talvez haja um pouco de verdade nelas.
Mas, sendo rancoroso e egocêntrico como sou, é inevitável que eu tente invalidar tudo isso. Não posso evitar a sensação de que ele disse essas coisas agora, justamente quando acabou de se mudar para uma nova casa, onde vai morar sozinho, poderá receber quem quiser, viver novas experiências — experiências que não serão ao meu lado. Como se eu tivesse sido apenas uma mini escada para ele.
Mas, eu sei que não estaria feliz se tivéssemos continuado assim. Mesmo com os pequenos benefícios de estar com ele, de ocupar um cantinho na vida dele, não haveria paz em saber que ele jamais poderia me responder quando eu precisasse. Que ele não estaria presente nos momentos importantes. Que nos finais de semana ele sempre buscaria uma desculpa para não fazer nada comigo. E eu não mereço isso. Não é isso que eu quero.
Preciso me lembrar: eu quero ser desejado. Eu quero ser amado. Eu quero alguém que faça tempo para mim, que mova montanhas. Porque existe uma intensidade que eu nunca vivi, e eu preciso disso.
"A gente troca o pneu com o carro a 200km/h." E eu preciso de alguém que entenda isso. Preciso do desejo ardente, do sexo bom, com gosto de quero mais. E ele não era capaz de me proporcionar isso. Assim como o Dmitri não foi. Assim como o Daan não foi... Assim como poucos foram.
Hoje estou tomado por mixed feelings. Mas não me sinto derrotado.
Me sinto sozinho, mas aliviado.
Me sinto triste, mas feliz porque tentei.
Eu sei que ainda há muito em mim para ser trabalhado. Mas vou seguir em frente.
Vou torcer por ele. Mas, acima de tudo, vou continuar tentando por mim.

Neste fim de semana, aconteceu algo que me incomodou de verdade, mas decidi evitar drama e joguinhos. Simplesmente segui em frente, porque às vezes preciso esquecer que estou em um relacionamento para não ceder aos desejos do meu ego – como agir de forma impulsiva e ferir o Francês com a arrogância que também habita em mim.
Esse choque cultural acaba servindo de desculpa, porque sei que, mesmo que estivesse me relacionando com um brasileiro, os problemas também existiriam.
Às vezes, também surgem desconfianças: será que ele está me traindo? E, no fundo, não é como se eu me importasse tanto... Parece até que eu quero que isso aconteça, só para ter uma desculpa para terminar de vez ou, quem sabe, sugerir que abramos o relacionamento até que a convivência se esgote e tudo termine de forma amigável, como aconteceu com o Holandês em 2022.
Confesso que seria tão mais fácil se tudo simplesmente se encaixasse. Não quero ter que tentar tanto, mas também não quero me moldar aos padrões de relacionamento que vejo por aí. Também sei que não posso exigir que alguém viva de acordo com as minhas vontades... Isso não seria justo. Aliás, eu também não estou sendo 100% honesto. Escrevo aqui todas as minhas inseguranças, mas não as comunico claramente a ele – se é que deveria.
Enfim... Acho que o jeito é seguir vivendo esse relacionamento um dia de cada vez, tentando processar tudo até que ele se canse, ou eu me canse, ou até que a gente finalmente engrene e aprenda a valorizar o que temos.
E assim seguimos...

Em um momento, estávamos sentados na praia, conversando sobre a vida e compartilhando nossas experiências com ex ou com pessoas que conhecemos. Eu expliquei ao Theo (sim, agora o francês será chamado pelo nome) que, na cultura brasileira, quando estamos saindo com alguém, há várias formas de definir uma relação. Porém, um namoro só é oficial quando há um pedido, geralmente feito por uma das partes. E então, inesperadamente, ele perguntou: Would you like to be my boyfriend? Foi um dos momentos mais inusitados da minha vida, mas veio com uma paz tão grande, sabe? Sem toda aquela cerimônia que um dia imaginei, mas foi lindo, espontâneo e fofo... E, obviamente, eu disse SIM.
Sim, aconteceu. Depois de 33 anos e algumas relações que começaram sem nenhum pedido formal, eu finalmente recebi meu primeiro pedido de namoro. E veio de um francês. De Lyon. Sabe, toda aquela história relacionada ao outro francês do passado já não tem mais impacto na relação que estou vivendo agora. São pessoas totalmente diferentes, e eu gosto muito mais do que estou vivendo no presente. Ainda que minha cabeça tenha dificuldade em aceitar que o amor não precisa doer. Que eu não preciso enfrentar perrengues, sofrer, chorar, criar dramas, ou me encaixar em padrões de relacionamento que outras pessoas possuem. Eu só preciso viver o momento – e é exatamente isso que estou fazendo agora.
Ainda não consegui vencer 100% os pensamentos que me levam a imaginar finais trágicos, mas estou tão mais leve do que quando comecei a escrever sobre o Theo aqui que... nossa, que alívio. Apesar de ainda haver coisas a ajustar, estou muito feliz por ter ao meu lado um menino tão lindo e fofo. Agora, é esperar para ver aonde isso vai nos levar, mas farei o possível para que sejamos felizes.

2025 acaba de começar, e eu não poderia estar mais feliz pelo momento que estou vivendo. Este é um texto para agradecer.
Ainda que haja muitas incertezas sobre o que o futuro reserva, eu escolho viver o presente. Chega de focar em um futuro caótico. A mudança é a única constante na vida, e nada nunca será exatamente como planejamos.
Hoje, eu estou feliz porque estou superando um trauma ao lado de uma pessoa que tem sido tudo o que eu esperava há muito tempo. Estou me permitindo viver, sentir e acreditar novamente.
Minha carreira profissional segue estável, meu ciclo de amizades é consolidado e lindo, e, aos poucos, consigo aceitar melhor o meu corpo. Fiz as pazes com o meu passado e acredito em um futuro onde a realização dos meus sonhos é possível.
Existe muito mais por acontecer e por vir. Seja bom comigo, 2025! Eu quero acreditar, e sei que será incrível!

