21 April 2025 @ 11:14 pm
Will you come and see me, if I go now?  
11 dias desde o fim do relacionamento, e o texto que escrevi anteriormente ficou apenas no rascunho — até eu lembrar de postar hoje.
 
Nesse fim de semana, fui a um show em Perpignan, na França, de um artista que, em teoria, eu jamais teria conhecido se não fosse pelo Théo. E, claro, eu precisei ir. Não só pelo show, mas pra aliviar o peso de ficar procurando um culpado. Porque, como eu já disse a mim mesmo, não faz sentido culpar os franceses, os geminianos, os twinks, ou o mundo inteiro pelo meu medo de ser vulnerável e não conseguir fazer uma relação dar certo.
 
Dia após dia, as coisas vão se organizando dentro de mim. Ainda sinto tristeza, ainda há um buraco na cabeça, mas estou conseguindo enxergar melhor. Tenho refletido muito sobre a minha relação com a vulnerabilidade, e sobre o quanto me sinto péssimo por demonstrar tristeza — ou até mesmo por senti-la. Eu tenho medo da tristeza. Porque ela me isola. E muitas vezes, eu senti que precisava me isolar pra que ninguém visse a dor que eu carregava.
 
Essa dor, lá atrás, era o peso de viver dentro do armário. E acho que acabei levando esse medo pra todas as outras áreas da minha vida. O medo do abandono, do julgamento… e então eu tento mascarar tudo isso. Só que eu não quero mais cair na mesma tristeza de antes.
 
O desafio agora é encontrar um equilíbrio: entender onde posso ser vulnerável e triste sem sentir vergonha disso, sem medo de parecer fraco.
 
De toda forma, esse processo todo — essa análise constante, essa forma como estou lidando com o fim desse relacionamento — tem me mostrado o quanto eu evoluí. Quando me comparo ao Gustavo de, sei lá, seis anos atrás, vejo crescimento. E isso é ótimo.
 
Não que seja perfeito. Eu ainda busco validação em homens aleatórios nos aplicativos de relacionamento. Mandei mensagem pro Théo durante o show, tentando forçar uma amizade. Em troca, recebi aquela mesma resposta morna, um dia depois — o que só confirmou que ele continua o mesmo. Aliás, encontrei com ele hoje na academia. Conversamos um pouco. E talvez seja efeito do Citalopram, mas pela primeira vez eu consegui olhar pra ele e entender, no rosto dele, o motivo pelo qual a gente não se encaixava.
 
Mas, claro, agora que estou sozinho em casa, o fantasma do vazio volta a cutucar. Acho que faz parte do processo.
 
Ainda assim, dia após dia, isso vai saindo de mim. Os questionamentos da minha mente — que quer controlar tudo — não vão cessar tão cedo. E talvez esteja na hora de eu parar de comprar distrações tecnológicas e finalmente investir em terapia. Parar de me esconder das situações que vêm caminhando ao meu lado.
 
A hora é de aprender a estar vulnerável, de verdade. E de buscar menos validação externa.
Porque eu não preciso me sentir só só porque estou sozinho.
 
 
mood: melancholy