

Eu só quero que esse dia passe.

Decidi que quero me permitir viver um novo relacionamento. Quero me libertar dos padrões e traumas que carrego e dar uma chance real de ser feliz com alguém que também esteja disposto a tentar. Não é a primeira vez que me proponho a isso, mas agora, com essa história do Francês, parece ser mais uma oportunidade para colocar em prática aquilo que, desde o fim do caso com o Russo, tem ficado de lado.
Tenho refletido muito sobre como a cultura nos ensina de forma equivocada a sermos dependentes dos outros. Acredito que amar de verdade é permitir-se ser livre. Por isso, não posso continuar me prendendo aos pequenos detalhes que vejo como negativos para culpar o outro e, assim, me colocar como vítima. Um exemplo claro disso é o Francês. Ele está viajando e, de repente, desapareceu – ainda que tenha sido muito fofo nas últimas mensagens. Por que devo me importar com esse sumiço? Ainda não somos nada oficialmente, estamos apenas nos conhecendo e vivendo o momento.
Entendo que há uma questão cultural envolvida, especialmente porque já me relacionei com outro francês no passado. Não quero transformar esse sumiço dele em um jogo de ego, como quem demora mais para responder ou se distancia primeiro. Esses joguinhos não fazem sentido. Então, o que devo fazer?
Creio que o melhor, até que ele volte, é focar em mim: viver minha vida normalmente, buscar coisas que me façam bem e me mantenham produtivo. Não faz sentido ficar preso emocionalmente a alguém que, por enquanto, ainda não tem um papel oficial na minha vida. Hoje, pensei em abrir aplicativos e conhecer outras pessoas. Mas será que estou fazendo isso porque não quero ficar sozinho? Porque preciso de outro homem para me sentir validado?
E os meus hobbies, meus gostos pessoais – os jogos, as séries? Por que minha prioridade tem que ser notado por outro homem? E quanto ao Gustavo – por que ele gosta de estar sozinho, mas tem medo de estar só? Se minha autoestima está tão abalada, como posso esperar que alguém me ame pelo que sou, se nem eu mesmo gosto de mim o suficiente?
Hoje tirei umas selfies e gostei do que vi. No final das contas, acho que sou bonitinho. Sempre me pego pensando por que nem todo mundo vê isso da mesma forma, mas isso não deveria ser um problema. I'm enough, at least for myself.
Se quero realmente quebrar os traumas dos relacionamentos passados, preciso me importar menos com o que o outro faz ou como ele vive sua vida particular. Devo focar em mim, respeitando os espaços e a linha de conexão que nos une. É lindo receber mensagens fofas? Sim. Mas isso também cria expectativas, e a distância e a saudade só aumentam essas sensações. Então, no fundo, eu entendo ele. E, mesmo que essa não seja sua linha de pensamento, prefiro acreditar que é.
Decidi que, neste fim de semana, vou focar em mim. Só sairei de casa para ir à academia ou dar um passeio ao ar livre. Quero aproveitar meu tempo jogando, descansando e, quem sabe, economizar para alguma loucura no meu aniversário.
A ver o que o tempo me reserva.

Ontem, finalmente tive a tão prometida conversa com o consagrado, e foi tão importante alinhar as expectativas. Saiu até melhor do que o planejado. Todo aquele nervosismo meio que desapareceu depois de ouvir do francês que o que ele busca no momento é o mesmo que eu. Nós nos adaptamos tão bem até agora que realmente me sinto encorajado a tentar algo diferente com ele.
Apesar disso, ainda há muito a ser trabalhado nessa minha cabecinha. Tenho o hábito de entrar nas coisas já planejando o fim. Espero que, dessa vez, não seja assim, mesmo sabendo que ele ficará em Barcelona por apenas um ano. De qualquer forma, só quero viver o presente. Estar presente. Também quero evitar repetir meus padrões, já que cabe unicamente a mim mudá-los.
Estou feliz por essa pequena conquista. Vamos ver onde isso vai nos levar.
P.S.: Ele foi viajar e só deve voltar no dia 31. De momento vou ficar quietinho esperando pelo retorno dele. Vamos ver o que o futuro nos reserva.

Como começo a explicar o que vem acontecendo? Primeiramente, eu precisaria entrar no mérito do que vivi em 2019 com o francês do passado, que foi a última pessoa com a qual eu realmente me senti obcecado. Talvez ele represente a figura da rejeição que alimento dentro de mim, impondo obstáculos para que ela se vá. Mas bem, é isso mesmo... Conheci outro francês, e este tem basicamente todos os traços do anterior, até mesmo o nosso estilo de comunicação: afetuoso, porém com certa distância.
Neste momento, creio que tudo o que vejo no novo francês, além da beleza dos olhos claros e do nariz perfeitamente desenhado ao meu gosto, está relacionado à sombra do passado — o último homem que me deixou fora de controle sobre quem eu sou. E eu, nesses meus quase 33 anos, já estou grandinho o suficiente para reconhecer o padrão que repito.
Seja o sotaque francês ao falar inglês, seja a maneira como ele me explica coisas de um jeito particular... Eu já sei o que venho projetando nessa mente controladora e como isso pode terminar. E oh céus, como vejo o fim das coisas! Sempre aquele fim trágico, no qual sou a pessoa que mais sofre no mundo, porque alguém a quem não dei a oportunidade de me conhecer por completo decidiu se afastar por algum motivo. Porque, obviamente, se ele decidisse ficar, eu o afastaria, como fiz com o holandês, ou possivelmente como tentei fazer com o russo.
Nesses últimos dias, enquanto transito pelos meus conflitos internos, também venho transitando entre o Gustavo de 2019 (que poderia ser também o de 2014) e uma versão atual que se acha velho demais para passar por qualquer coisa. De verdade, internamente, eu não queria ter que me desdobrar para estar em uma relação. Cheguei ao ponto de ficar preocupado com mensagens não respondidas, com o tempo levado entre uma e outra, e pensando no que ele estaria fazendo — no fundo, desejando que tudo isso acabasse logo, para que minha cabeça não tivesse que ficar tentando controlar o incontrolável.
Por que eu realmente não consigo deixar as coisas acontecerem naturalmente? E se, no fim, ele não me quiser, qual é o problema? De qualquer forma, decidi que hoje vou perguntar a ele como ele vê isso que está acontecendo daqui para frente. A lo mejor, le voy a asustar, mas, como falei para uma amiga, é melhor ele se sentir desconfortável do que eu sofrer por algo no futuro. Sim, pode ser que eu estrague tudo... Mas eu só preciso ter as coisas um pouco mais claras, para não repetir os erros do passado, quando eu não sabia expressar minhas emoções. De certa forma, aprendi algo nesses quase 33 anos.
Se a viagem para a Turquia que fiz recentemente foi para voltar em paz com meu passado, talvez o diálogo de hoje, mais tarde, seja para definir o que quero para o meu futuro. Ainda tem muito pela frente, mas eu preciso aprender que meu jeito de agir e pensar não pode se basear no que os outros querem ou pensam. Espero que ele seja compreensivo e que isso dê certo. Não quero mais dar ao meu ego o prazer de me fazer de vítima.
Vem aí!



Faz muito tempo desde que escrevi aqui, mas hoje precisei compartilhar este relato. O fato de agora poder conversar com a Inteligência Artificial do meu celular, que transcreve tudo o que eu penso, pode me ajudar a atualizar o blog mais frequentemente. Então, aqui vai.

