gustavo
29 December 2024 @ 10:12 am
Sobrevivi. O inferno astral que antecedeu meu aniversário ficou para trás, e agora finalmente posso respirar aliviado.
 
Os dias que antecederam a data foram pesados. A pressão de organizar algo, convidar todas as pessoas queridas (felizmente são muitas), encontrar um lugar que acomodasse todo mundo e ainda evitar dores de cabeça na hora de pagar a conta foi exaustiva. Essa é a realidade de quem tem um ciclo social grande. Para piorar, o frio de Barcelona só reforçava a sensação de desconforto. Tudo o que eu queria era estar em uma praia, com temperaturas amenas, perto da minha família. Ano que vem, prometo a mim mesmo: vou planejar uma viagem no meu aniversário.
 
Agora que passou, sinto que recuperei o equilíbrio. Voltei a me enxergar.
 
Completar 33 anos – a idade de Cristo – me traz um sentimento de gratidão imensa. Chegar até aqui foi uma conquista, e sou muito grato por tudo que vivi e por todas as pessoas que seguem ao meu lado, estejam perto ou longe.
 
2025 já carrega a promessa de realizar um dos maiores sonhos da minha vida, e isso me enche de esperança.
 
Que venham as mudanças: botox, lipo, rinoplastia, resultados da academia e, acima de tudo, muita paz de espírito.
 
 
mood: grateful
 
 
gustavo
27 December 2024 @ 09:17 am
Amanhã é meu aniversário, e eu nunca me senti tão desanimado para celebrá-lo como agora. Para ser sincero, acho que, desde o fim da minha infância, eu realmente nunca gostei de comemorar essa data. Primeiro, porque ela cai em um período específico do ano que não a torna tão especial – as pessoas estão ocupadas com eventos mais importantes, como o Natal e o Ano Novo. Além disso, é comum que muitas estejam viajando. Isso sempre me fez ficar ainda mais introspectivo. Talvez, por ter uma personalidade capricorniana, eu tenha projetado muitas metas para minha vida, imaginando-me uma pessoa extremamente bem-sucedida. É difícil aceitar que, mesmo tendo chegado muito mais longe do que eu imaginava, o caminho não foi exatamente como eu planejei.

No mundo ideal, o Gustavo de hoje estaria ganhando bem mais, com um conforto financeiro que lhe permitisse estar mais próximo das pessoas que ama quando quisesse ou, simplesmente, escolher quando prefere ficar sozinho. Teria uma família ou estaria morando junto com alguém especial, em seu próprio apartamento.

Longe de mim desmerecer o que conquistei até hoje. Reconheço que me tornei alguém muito maior do que o meu eu mirim poderia sonhar. Ano que vem, devo realizar um dos maiores sonhos que tenho desde que me mudei para a Europa. Hoje, falo três idiomas, trabalho em uma empresa que muitos consideram dos sonhos (apesar de não achar mais que trabalhar em uma empresa deva ser o objetivo da vida), sou financeiramente independente, embora ainda não tenha uma reserva que me permita muitos caprichos. E o mais importante: conquistei quase tudo sozinho.

Então, por que essa tristeza não vai embora? Eu só queria que o dia 28/12 passasse logo e que minha cabeça me deixasse em paz. Quero voltar a lembrar o quanto sou incrível, em vez de ficar revisitando memórias de coisas que estiveram fora do meu controle.

Gostaria de desaparecer amanhã. Ir para algum lugar isolado, ensolarado, descansar, sem ler mensagens de feliz aniversário ou falar com ninguém. Apenas eu e a natureza. Mas isso não vai acontecer, porque, nessa época do ano, tudo está absurdamente caro.

Enfim, os 33 estão chegando... Ainda não sou o Gustavo que conquistou a casa própria, que tem dinheiro suficiente para escapar para outro país durante os invernos, nem o CEO de uma multinacional. Mas sei que cheguei muito mais longe do que as limitações do meu passado poderiam prever.

Eu só quero que esse dia passe.

 
 
mood: uncomfortable
 
 
gustavo
21 December 2024 @ 12:46 am

Decidi que quero me permitir viver um novo relacionamento. Quero me libertar dos padrões e traumas que carrego e dar uma chance real de ser feliz com alguém que também esteja disposto a tentar. Não é a primeira vez que me proponho a isso, mas agora, com essa história do Francês, parece ser mais uma oportunidade para colocar em prática aquilo que, desde o fim do caso com o Russo, tem ficado de lado.

Tenho refletido muito sobre como a cultura nos ensina de forma equivocada a sermos dependentes dos outros. Acredito que amar de verdade é permitir-se ser livre. Por isso, não posso continuar me prendendo aos pequenos detalhes que vejo como negativos para culpar o outro e, assim, me colocar como vítima. Um exemplo claro disso é o Francês. Ele está viajando e, de repente, desapareceu – ainda que tenha sido muito fofo nas últimas mensagens. Por que devo me importar com esse sumiço? Ainda não somos nada oficialmente, estamos apenas nos conhecendo e vivendo o momento.

Entendo que há uma questão cultural envolvida, especialmente porque já me relacionei com outro francês no passado. Não quero transformar esse sumiço dele em um jogo de ego, como quem demora mais para responder ou se distancia primeiro. Esses joguinhos não fazem sentido. Então, o que devo fazer?

Creio que o melhor, até que ele volte, é focar em mim: viver minha vida normalmente, buscar coisas que me façam bem e me mantenham produtivo. Não faz sentido ficar preso emocionalmente a alguém que, por enquanto, ainda não tem um papel oficial na minha vida. Hoje, pensei em abrir aplicativos e conhecer outras pessoas. Mas será que estou fazendo isso porque não quero ficar sozinho? Porque preciso de outro homem para me sentir validado?

E os meus hobbies, meus gostos pessoais – os jogos, as séries? Por que minha prioridade tem que ser notado por outro homem? E quanto ao Gustavo – por que ele gosta de estar sozinho, mas tem medo de estar só? Se minha autoestima está tão abalada, como posso esperar que alguém me ame pelo que sou, se nem eu mesmo gosto de mim o suficiente?

Hoje tirei umas selfies e gostei do que vi. No final das contas, acho que sou bonitinho. Sempre me pego pensando por que nem todo mundo vê isso da mesma forma, mas isso não deveria ser um problema. I'm enough, at least for myself.

Se quero realmente quebrar os traumas dos relacionamentos passados, preciso me importar menos com o que o outro faz ou como ele vive sua vida particular. Devo focar em mim, respeitando os espaços e a linha de conexão que nos une. É lindo receber mensagens fofas? Sim. Mas isso também cria expectativas, e a distância e a saudade só aumentam essas sensações. Então, no fundo, eu entendo ele. E, mesmo que essa não seja sua linha de pensamento, prefiro acreditar que é.

Decidi que, neste fim de semana, vou focar em mim. Só sairei de casa para ir à academia ou dar um passeio ao ar livre. Quero aproveitar meu tempo jogando, descansando e, quem sabe, economizar para alguma loucura no meu aniversário.

A ver o que o tempo me reserva.

 
 
mood: blah
 
 
gustavo
18 December 2024 @ 07:41 pm

Ontem, finalmente tive a tão prometida conversa com o consagrado, e foi tão importante alinhar as expectativas. Saiu até melhor do que o planejado. Todo aquele nervosismo meio que desapareceu depois de ouvir do francês que o que ele busca no momento é o mesmo que eu. Nós nos adaptamos tão bem até agora que realmente me sinto encorajado a tentar algo diferente com ele.

Apesar disso, ainda há muito a ser trabalhado nessa minha cabecinha. Tenho o hábito de entrar nas coisas já planejando o fim. Espero que, dessa vez, não seja assim, mesmo sabendo que ele ficará em Barcelona por apenas um ano. De qualquer forma, só quero viver o presente. Estar presente. Também quero evitar repetir meus padrões, já que cabe unicamente a mim mudá-los.

Estou feliz por essa pequena conquista. Vamos ver onde isso vai nos levar.

P.S.: Ele foi viajar e só deve voltar no dia 31. De momento vou ficar quietinho esperando pelo retorno dele. Vamos ver o que o futuro nos reserva.

 
 
mood: excited
 
 
gustavo
17 December 2024 @ 05:22 pm

Como começo a explicar o que vem acontecendo? Primeiramente, eu precisaria entrar no mérito do que vivi em 2019 com o francês do passado, que foi a última pessoa com a qual eu realmente me senti obcecado. Talvez ele represente a figura da rejeição que alimento dentro de mim, impondo obstáculos para que ela se vá. Mas bem, é isso mesmo... Conheci outro francês, e este tem basicamente todos os traços do anterior, até mesmo o nosso estilo de comunicação: afetuoso, porém com certa distância.

Neste momento, creio que tudo o que vejo no novo francês, além da beleza dos olhos claros e do nariz perfeitamente desenhado ao meu gosto, está relacionado à sombra do passado — o último homem que me deixou fora de controle sobre quem eu sou. E eu, nesses meus quase 33 anos, já estou grandinho o suficiente para reconhecer o padrão que repito.

Seja o sotaque francês ao falar inglês, seja a maneira como ele me explica coisas de um jeito particular... Eu já sei o que venho projetando nessa mente controladora e como isso pode terminar. E oh céus, como vejo o fim das coisas! Sempre aquele fim trágico, no qual sou a pessoa que mais sofre no mundo, porque alguém a quem não dei a oportunidade de me conhecer por completo decidiu se afastar por algum motivo. Porque, obviamente, se ele decidisse ficar, eu o afastaria, como fiz com o holandês, ou possivelmente como tentei fazer com o russo.

Nesses últimos dias, enquanto transito pelos meus conflitos internos, também venho transitando entre o Gustavo de 2019 (que poderia ser também o de 2014) e uma versão atual que se acha velho demais para passar por qualquer coisa. De verdade, internamente, eu não queria ter que me desdobrar para estar em uma relação. Cheguei ao ponto de ficar preocupado com mensagens não respondidas, com o tempo levado entre uma e outra, e pensando no que ele estaria fazendo — no fundo, desejando que tudo isso acabasse logo, para que minha cabeça não tivesse que ficar tentando controlar o incontrolável.

Por que eu realmente não consigo deixar as coisas acontecerem naturalmente? E se, no fim, ele não me quiser, qual é o problema? De qualquer forma, decidi que hoje vou perguntar a ele como ele vê isso que está acontecendo daqui para frente. A lo mejor, le voy a asustar, mas, como falei para uma amiga, é melhor ele se sentir desconfortável do que eu sofrer por algo no futuro. Sim, pode ser que eu estrague tudo... Mas eu só preciso ter as coisas um pouco mais claras, para não repetir os erros do passado, quando eu não sabia expressar minhas emoções. De certa forma, aprendi algo nesses quase 33 anos.

Se a viagem para a Turquia que fiz recentemente foi para voltar em paz com meu passado, talvez o diálogo de hoje, mais tarde, seja para definir o que quero para o meu futuro. Ainda tem muito pela frente, mas eu preciso aprender que meu jeito de agir e pensar não pode se basear no que os outros querem ou pensam. Espero que ele seja compreensivo e que isso dê certo. Não quero mais dar ao meu ego o prazer de me fazer de vítima.

Vem aí!

 
 
mood: anxious
 
 
gustavo
04 November 2024 @ 12:18 pm

Faz muito tempo desde que escrevi aqui, mas hoje precisei compartilhar este relato. O fato de agora poder conversar com a Inteligência Artificial do meu celular, que transcreve tudo o que eu penso, pode me ajudar a atualizar o blog mais frequentemente. Então, aqui vai.
 
Hoje acordei me sentindo péssimo com meu corpo, e essa sensação já vem me acompanhando há alguns dias. Há cerca de dois anos, comecei a treinar regularmente na academia, mas os resultados ainda não são como eu esperava. Recentemente, decidi abandonar o álcool, esperando que isso trouxesse algum ganho visível. Minha alimentação é boa – sem dúvida, melhor do que a de muitas pessoas que conheço –, mas meu corpo parece não colaborar. O acúmulo de gordura na região da barriga é, sem dúvida, a parte que mais odeio em mim.
 
Sempre quis ter um corpo magro, mas, com a cabeça grande que tenho, não sei se isso combinaria. Queria ser forte, e tenho me esforçado para malhar peito, braços e ombros, mas o progresso parece mínimo. Sei que muitas pessoas enfrentam essa mesma frustração e que, para muitos, os resultados demoram a aparecer. No entanto, a desproporção entre os defeitos que enxergo e os poucos resultados visíveis é extremamente desanimadora.
 
Às vezes, questiono se vale a pena continuar treinando. É algo que faz bem, mas frequentemente me parece sem propósito. Por exemplo, percebo que minhas roupas estão mais justas e até sinto que ganhei um pouco de força. No entanto, toda essa percepção positiva se desfaz quando me olho no espelho ou tiro uma foto. A comparação com os corpos perfeitos que vejo na internet é inevitável. Sei que muitos recorrem a esteroides para atingir essa forma, mas essa não é uma opção que considero viável para mim, nem acho que resolveria meus problemas.
 
Além disso, ser parte da comunidade gay traz seus próprios dilemas. Existe uma idealização constante do corpo perfeito. Com 32 anos, quase 33, sinto o peso da idade chegando e a pressão por não ter o corpo que gostaria. Olho para os outros da minha idade e me sinto atrasado, enquanto continuo esperando um "príncipe encantado" que me ame como sou. Mas a realidade é que esse príncipe, provavelmente, procura alguém com um corpo padrão, e quando o rosto não ajuda muito, isso se torna ainda mais difícil.
 
Então, esse é meu desabafo de hoje: odeio minha barriga e meu culote. Luto contra essa insatisfação há anos, já tentei vários tipos de tratamento dentro das minhas possibilidades financeiras, mas ainda não vejo resultados significativos. Essa frustração tem minado minha motivação para continuar indo à academia.
 
 
mood: depressed
 
 
gustavo
09 April 2024 @ 03:38 pm
Aqui estou, novamente para falar sobre o que venho sentindo nos ultimos dias. É impressionante que mesmo como eu disse anteriormente, não estando apaixonado pelo Dmitri, eu me sinto um pouco triste por tudo o que aconteceu. É uma sensação ruim ter que afastar pessoas da sua vida porque você não confia mais. Ainda que eu no fundo queira perdoar. Mas aí pra onde iria minha dignidade? O que ele iria aprender disso tudo, se só um "I'm sorry" resolvesse todos os problemas que ele pode criar?
 
Analisando a pessoa que estive junto nos últimos cinco meses, vi nele uma pessoa que no fundo precisava de alguém que pudesse tomar conta do grande "bebê da mamãe que ele é. Sair da caixinha cultural russa, da qual ele sempre foi exposto, e lidar com a falta de figura paterna que ele não teve. Talvez por isso ele tenha se apegado a mim, e quando encontrou alguma outra pessoa que passasse ainda mais essa imagem, ele foi em busca dessa nova aprovação. E eu o entendo, porque também fiz isso por grande parte da minha vida. Apesar de que minha vivência me levou a outro ponto.
 
Me considero um pouco prepotente por me julgar tão maturo quanto creio que sou, e me analisar num ponto de vista onde a maioria das pessoas estão se massacrando porque precisam de algo que elas não sabem que vivem dentro delas. Porém eu também sou vítima do mesmo sistema. Fomos todos criados sendo castrados da nossa liberdade e condicionados a implorar algum tipo de afeto.
 
De igual modo, eu não quero mais brigar com o meu ego, que me obriga a me sentir triste e vazio, porque no fim um outro boy que sequer queria transar comigo, escolheu uma outra pessoa pra seguir a vida. Eu sei que em algum momento eu irei perdoar o Dmitri, mas por enquanto, eu quero que cada um viva seu rumo.
 
 
mood: annoyed